ASSOCIAÇÃO CULTURAL BERÇO DO
MARABAIXO
Presidente Marilda Costa
Síntese Histórica
O Marabaixo é uma manifestação tradicional
da cultura popular resultante da luta e resistência do povo afro descendente,
em especial do homem amazônida amapaense. Nasceu do encontro das diferentes
etnias interagindo num mesmo contexto social, Evidencia aspectos do catolicismo
popular, associados a elementos transcendentes de africanidade, símbolo de
identidade cultural e etnicidade do amapaense.
O histórico deslocamento das famílias
negras da frente da cidade para os dois núcleos populacionais: Favela e
Laguinho ocasionando uma fragmentação no Marabaixo com a perda de importantes
elementos nos rituais da tradição, correndo sério o risco do completo
desaparecimento, se não houvesse medidas capazes de evitar. Isso impulsionou a
organização institucional da ASSOCIAÇÃO CULTURAL
BERÇO DAS TRADIÇÕES AMAPAENSE BERÇO DO MARABAIXO,
fundada em 19 de junho de 1985, com o objetivo fundamental de preservar e
fortalecer o Marabaixo, resguardando os rituais característicos que integram a
tradição. A Associação tem como figura patronal a senhora Gertrudes Saturnino,
que após a separação, iniciou e coordenou por dezenas de anos os ritos da manifestação,
no então Bairro da Favela.
Anualmente a Associação coordena e orienta
os festeiros na realização do Ciclo do Marabaixo, quando é dada maior
visibilidade a ritualística da tradição, além de realizar sistematicamente
oficinas voltadas para a preservação, valorização e fortalecimento desse legado
cultural.
CICLO DO MARABAIXO
Os Bairros da Favela e Laguinho anualmente
coordenam a realização da secular tradição - CICLO DO MARABAIXO homenageando a
Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo.
Essa
tradição herdada dos ascendentes afros passou a ser realizada nos dois bairros desde
os anos quarenta, mais precisamente a partir do deslocamento dos negros da
frente da cidade, em 1943, para os núcleos populacionais da Favela e Laguinho. Assim
o Marabaixo já perpassou gerações, onde grandes mestres anônimos como Julião
Ramos, Gertrudes Saturnino, Benedito Lino do Carmo (Velho Congo), Mestre
Ponciano, Raimundo Ladislau, João Barca, Maria Grande, Tereza, Mestre Bruno, Raimunda
Ramos, Josefa Ramos, Felícia Ramos, Pedro e Raimunda Costa; seguida pela
geração de Natalina, Venina, Guita, Lucimar (tia Luci), Dica Congó, Zeca e Bibi
Costa, Raimundo Lino (Pavão), Paulino Ramos, Maria José Libório e muitos outros
que tiveram uma importância impar na manutenção e preservação dessa manifestação
Cultural.
O
Marabaixo que se constituía numa festividade das famílias afrodescendentes do
Amapá movidos pela força da fé religiosa. Na atualidade passou a ser uma
manifestação da sociedade amapaense como um todo e se reveste na maior e mais
expressiva manifestação da cultura popular amapaense. Desenvolve-se tradicionalmente
no decurso de todo o período pascal em Macapá, capital do Estado, mas nos
últimos nove anos, já foi também incorporado pela comunidade de Campina, Grande.
Dessa forma, todos os amapaenses hoje têm o compromisso e a responsabilidade
com a preservação e valorização do Marabaixo como nossa histórica tradição
cultural.
O
Marabaixo é memória, é história da construção de um Estado livre e democrático
que preserva suas raízes. Portanto, deve-se apoiar o desenvolvimento dos rituais de tradição do
Ciclo do Marabaixo, içando a bandeira da defesa, da elevação, da manutenção, da
preservação e da valorização da cultura do Marabaixo no âmbito do Estado, da
Amazônia e quiça do Brasil.